sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

IGREJA MATRIZ



Este edifício de estilo barroco, que foi iniciado em 1736 e concluído em 1739, evidencia uma arquitectura austera e muito formal, revelando até alguma vulgaridade construtiva. Apesar desta rigidez, a igreja implanta-se no espaço com equilíbrio e monumentalidade. A sua torre sineira, separada do corpo principal da igreja, é o elemento que quebra a monotonia do conjunto.
Mas é internamente que se revela a real riqueza desta igreja. A sua magnífica talha barroca, de estilo joanino, os seus altares, a extraordinária qualidade da imaginária e os painéis de azulejos que cobrem a capela-mor, causam, efectivamente, um vivo efeito de deslumbramento.
Executado entre 1743 e 1744 pelo conceituado entalhador portuense Manuel da Costa Andrade, o altar-mor é uma obra de qualidade superior, nada ficando atrás do que melhor então se fazia nos grandes centros políticos e culturais do país. O trabalho deste altar só veio a ficar concluído em 1753 quando se procedeu ao douramento da sua talha. Os alteres laterais, da mesma época do principal, são também de excelente qualidade e terão sido executados, provavelmente, por um mestre da escola de Manuel da Costa Andrade.
Soberba é, igualmente, a imaginária que recheia os altares. Desde logo, as imagens de São Bento e Santa Escolástica, colocadas lado a lado no altar-mor, cumprindo uma linguagem estética ainda do século XVII. Já de acordo com a gramática e o gosto do século XVIII encontramos as notabilíssimas imagens das Santas Mães e de Nossa Senhora, nos altares colaterais. Ambas evidenciam um movimento e um ritmo só ao alcance de artistas maiores. Destaque-se, ainda, o belíssimo São Roque e os anjos tocheiros em tamanho natural que ladeiam a mesa do altar.



Azulejos da Igreja Matriz

HISTÓRIA DA FREGUESIA


Ainda hoje subsiste a tradição de que aqui teria estado sedeado o antigo concelho de Lousada. Há, inclusivamente quem defenda a existência de um Foral Velho de Vila Nova. Confirme-se ou não estas hipóteses, Pias teve, de facto, muita importância na organização e desenvolvimento do que hoje é a Vila de Lousada.
A primeira referência a esta freguesia trata de uma compra pelo presbítero Pedro, o Arteiro, de bens a Soeiro Pais, o Mouro Vila Nova, de dois casais em Vila Nova e de tudo o que tinha em Cadeiras.
Em 1179, a 11 de Setembro, Pedro Rodrigues, filho de Rodrigo Viegas, patrono do mosteiro de Tuías e neto de Egas Moniz, vende a Mendo Mendes o casal da Torre. Rodrigo Pais, com seus irmãos, Gonçalo e Maria, em Junho de 1193, vendem a Gonçalo Peres, dois casais em Pias que tinham herdado de seus avós, o casal de Vila Nova e o casal do Cabo da Oitava. Estes locais são doados, juntamente com outros casais, bem como herdades e possessões, e metade da Quintã de Pias, ao mosteiro de Arouca. A 31 de Agosto de 1251 surge uma referência de doação por Martim e Paio Gonçalves, Martim e Domingos Mendes, ao mosteiro de Arouca de tudo o que tinham herdado nesta freguesia.
Em 1258 "Sancti Laurencii Ville Nove" o pároco Gonçalo Gonçalves relata que a igreja era dos filhos e netos de D. Nuno Sanches de Barbosa, que apresentava o pároco e que a confirmação era do Bispo do Porto. Um outro mosteiro que recebeu diversas doações, desta zona, foi o de Santo Tirso de Riba d'Ave. Em 1548, o Bailio de Leça possuía aqui dois casais.
Nas Memórias Paroquiais de 1758, o abade José Lucas de Andrade refere a freguesia como pertencente à comarca de Penafiel, bispado do Porto, concelho de Lousada. Sendo que o pároco pertence ao Mosteiro Beneditino de Santo Tirso de Riba d'Ave.